Lá estava ela em frente à televisão, porém já estava de cabeça baixa fazia uns cinco minutos. Aparentava estar cheia de magoas e seu olhar era vazio e infeliz. Sentia raiva de si mesma e não se alegrou em estar em casa em plena sexta-feira, deixou de assistir a televisão, porque estava tão incessível que qualquer cena de romance ou demonstração de carinho a enojava. Não lhe restava dúvidas de que estava profundamente magoada.
Desligou a televisão e caminhou calmamente em direção seu quarto. Com a janela e a cortina fechada ela manteve a luz apagada e deitou no chão do quarto, olhou para o teto e ficou assim por mais ou menos dez minutos, ela só queria poder não pensar em nada, não queria nem se quer lembrar que teria que levantar dali em um determinado momento. Ela simplesmente queria deitar, fechar os olhos e esquecer que sabia pensar, esquecer que precisava pensar e viver, ou melhor, fingir que vivia feliz.
Mas como nem tudo que queremos se realiza ou dura muito tempo, depois de dez minutos milhares de pensamentos invadiram-lhe a mente e arrancaram a força a paz momentânea que ela havia sentido. Tentou espantá-los, mas não conseguiu, até que ela resolveu alimentá-los, quem sabe não conseguiria arrancar-lhes respostas para o vazio que se alojara nela? Novamente a sua mente lhe deixou na mão e também cheia de dúvidas que ainda levariam tempo para serem descobertas as respostas ou simplesmente serem ignoradas ou destruídas. Por enquanto ela apenas tomou um banho, vestiu-se e foi dormi. Pelo menos assim as esqueceria, temporariamente, mas as esqueceria. O que para ela nesse momento era satisfatório.